Venezuela vai às urnas em meio a divisão da oposição e acusações de fraude
No próximo domingo (25), a Venezuela realizará eleições para eleger os 285 deputados da Assembleia Nacional (AN) e os governadores de 24 estados. Cerca de 21 milhões de eleitores irão às urnas em um pleito que ocorre em um cenário de polarização política e desconfiança em relação ao sistema eleitoral. Este é o primeiro pleito subsequente à controversa eleição presidencial de 28 de julho de 2024, quando Nicolás Maduro foi reeleito em meio a acusações de fraude por parte da oposição, organizações internacionais e países estrangeiros. O Tribunal Supremo confirmou sua vitória, apesar da ausência de dados detalhados divulgados pelo Poder Eleitoral.
A campanha para as eleições de domingo é marcada por tensões, especialmente após o governo ter desmantelado uma suposta tentativa de golpe de Estado, resultando na prisão de 38 pessoas — entre elas, 17 estrangeiros. Maduro acusou ex-presidentes colombianos de articulação no plano e suspendeu voos de e para a Colômbia. O ambiente eleitoral está, assim, emraizado em desconfiança, onde os principais grupos de oposição estão rachados. Enquanto María Corina Machado, uma figura proeminente da oposição, defende a abstenção, seu opositor Henrique Capriles argumenta em favor do voto como forma de enfrentar o chavismo.
Contexto eleitoral e oposição fragmentada
A campanha eleitoral, segundo o professor Rodolfo Magallanes da Universidade Central da Venezuela (UCV), carece da visibilidade característica das eleições presidenciais e se desenvolve em um contexto de crise econômica que afeta severamente os salários e as condições de vida da população. Apesar de uma suposta redução da inflação nos últimos meses, índices ainda alarmantes têm gerado preocupação.
María Corina Machado, barrada de concorrer à presidência por uma condenação por corrupção, designou Edmundo González como seu candidato. Ela tem utilizado suas plataformas para argumentar contra a relevância das eleições deste domingo, ressaltando que ir às urnas "significa respaldar o governo Maduro". Do outro lado, Henrique Capriles, que já disputou a presidência em duas ocasiões, defende que a participação nas eleições é uma forma de confronto ao regime chavista e suas práticas.
Hegemonia chavista e estratégia da oposição
O cenário político atual favorece a continuidade do chavismo, que controla cerca de 90% da Assembleia Nacional e a maioria dos governos estaduais. A fragmentação da oposição, que em pleitos anteriores optou pela abstenção, representa um desafio para a coerência e o fortalecimento desse grupo. Segundo Magallanes, a dispersão de votos entre várias alianças eleitorais pode dificultar a formação de um governo de oposição.
Enquanto isso, em uma postura contrária à participação nas eleições, o Partido Comunista da Venezuela (PCV) optou por não comparecer, alegando falta de garantias eleitorais mínimas. O partido criticou a legitimidade do processo eleitoral, afirmando que este não assegura os princípios de legalidade e transparência.
Mobilização governamental e expectativas
O governo, por sua vez, está mobilizando sua base de apoio para reter o controle das instituições. Em pronunciamento na TV, Maduro convocou os cidadãos a participar da votação, afirmando que essa é uma questão de continuidade da Revolução Bolivariana. A execução do pleito deste domingo será um fator determinante para o futuro político da Venezuela em um contexto de intensa divisão e contestação.
No próximo domingo, portanto, a Venezuela estará em um momento crítico, onde as dinâmicas locais, os conflitos institucionais e a crise econômica se entrelaçam em um panorama eleitoral que promete ser tenso e decisivo para todos os envolvidos.
Imagens: Nicolás Maduro durante cerimônia de posse (REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria) e María Corina Machado em protesto (REUTERS/Maxwell Briceno).
Com oposição rachada, Venezuela realiza eleição legislativa e regional
Fonte: Agencia Brasil.
Internacional