Plataforma Ciera Utiliza Inteligência Artificial para Restauração de Vegetação Nativa no Brasil
Uma nova ferramenta desenvolvida pela organização não governamental Conservação Internacional (CI) promete revolucionar o processo de restauração da vegetação nativa em todo o Brasil. Batizada de Ciera (Assistente de Restauração de Ecossistemas da Conservação Internacional, na sigla em inglês), a plataforma faz uso de inteligência artificial para identificar áreas prioritárias para recuperação ambiental. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2023 e será disponibilizado gratuitamente ao público.
A diretora de Restauração de Paisagens e Florestas da CI Brasil, Luciana Pugliese, destaca que a Ciera foi criada para suprir a necessidade de uma ferramenta que integre informações sobre custos por bioma, incentivos e exigências legais relacionadas à restauração da vegetação nativa. "A Ciera tem como objetivo tornar a restauração mais pública e compartilhada, para que todos possam se apropriar dessa tomada de decisão sobre os melhores locais para restaurar", explica Pugliese.
O desenvolvimento da Ciera foi fruto de uma colaboração internacional que envolveu a participação de especialistas brasileiros e norte-americanos da CI, em parceria com universidades e empresas de tecnologia. A plataforma se destaca pela inovação na interpretação de dados, utilizando informações de múltiplas fontes e formatos.
Durante o processo de criação, os cientistas da equipe integraram dados geoespaciais e informações derivadas de políticas públicas e legislações brasileiras, como o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), lançado em outubro de 2022 durante a 16ª Conferência das Partes da Nações Unidas para a Biodiversidade (COP16), realizada em Cali, na Colômbia. O plano tem como meta restaurar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030, conforme acordos multilaterais assinados pelo Brasil.
De acordo com dados do Observatório da Restauração e Reflorestamento, o Brasil já recuperou 153,14 mil hectares de sua cobertura vegetal original e reflorestou 8,76 milhões de hectares. No entanto, o Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) estima que há um ivo ambiental de 25 milhões de hectares de vegetação nativa que ainda precisa ser recuperada para atender ao Código Florestal (Lei 12.651/2012).
A plataforma Ciera facilita a busca por informações essenciais para orientar diferentes usuários, sejam proprietários de áreas rurais ou gestores públicos. Pugliese exemplifica: "Se um governo estadual quer realizar a restauração em localidades onde há um número elevado de proprietários com déficit de Área de Preservação Permanente (APP) ou Reserva Legal, o Ciera permite essa análise e indica onde estão as bacias ou os territórios mais viáveis para alcançar os melhores resultados em restauração."
Além de identificar áreas prioritárias, a ferramenta sugere metodologias, as espécies mais adequadas para plantio, informações sobre custos e responde a eventuais dúvidas que possam surgir durante a execução de projetos de restauração. A Ciera utiliza um processo de machine learning, no qual a plataforma se torna mais precisa com a inclusão de novas informações e modelos.
Recentemente, a plataforma recebeu um destaque significativo ao vencer o desafio global Hack4Good 3.0, realizado em Seattle, nos Estados Unidos, onde se destacou entre várias inovações de impacto social positivo.
Luciana Pugliese finaliza afirmando que, em até três meses, a Ciera estará consolidada e pronta para ser utilizada por proprietários de terra e tomadores de decisão em geral. A expectativa é que a ferramenta traga avanços relevantes para restaurar a vegetação nativa no Brasil, contribuindo para a conservação ambiental e cumprimento das metas estabelecidas.
Para mais informações, e o portal da Conservação Internacional.
Plataforma identifica áreas prioritárias para restauração florestal
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente