Homenagem Restitui Nomes de Pessoas Escravizadas no Reflorestamento da Floresta da Tijuca
Neste sábado (31), a Floresta da Tijuca, localizada na zona norte do Rio de Janeiro, recebeu uma homenagem significativa: uma nova placa foi fixada próxima ao centro de visitantes do Parque Nacional da Tijuca, registrando os nomes de 11 pessoas escravizadas que desempenharam um papel crucial no reflorestamento da área no século XIX. Os nomes — Maria, Constantino, Eleuthério, Leopoldo, Manoel, Matheus, Sabino, Macário, Clemente, Antônio e Francisco — foram finalmente reconhecidos no local, onde antes apenas seis nomes eram citados de maneira reduzida, como "escravos do Major Archer e de Nogueira da Gama".
A cerimônia de inauguração contou com uma variedade de atividades, incluindo palestras, apresentações de teatro e o plantio de 11 mudas de plantas nativas da Mata Atlântica, cada uma dedicada a um dos reflorestadores. A iniciativa foi promovida pela deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), que destacou a importância da correção do termo "escravo" para "pessoas escravizadas", buscando devolver a humanidade e o protagonismo a estes indivíduos que contribuíram para a formação da maior floresta urbana do mundo.
O reflorestamento da Floresta da Tijuca foi uma resposta governamental a uma crise ambiental que afetou a cidade do Rio de Janeiro na segunda metade do século 19, onde o desmatamento e a exploração de madeiras comprometeram os mananciais de água. Entre 1861 e 1874, as 11 pessoas escravizadas plantaram mais de 100 mil árvores, ajudando a restaurar essa importante área verde que abastecia a capital, então imperial.
A nova placa não apenas presta homenagem, mas também promove um debate sobre a história desconhecida desses indivíduos. A deputada Monteiro expressou sua preocupação com a falta de reconhecimento nos conteúdos escolares sobre o ado de figuras importantes como esses reflorestadores. “Acho que todo cidadão carioca tem que saber dessa história”, afirmou.
Além disso, os 11 nomes foram inscritos recentemente no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro, um reconhecimento formal das suas contribuições relevantes para a sociedade. A data da cerimônia coincidiu com o Dia Mundial do Meio Ambiente, carregando um simbolismo ainda maior, ao associar a preservação do meio ambiente com a memória coletiva da população que foi historicamente marginalizada.
As atividades incluíram o plantio de mudas por artistas e personalidades, todos com a intenção de honrar a ancestralidade e ressaltar a importância do reconhecimento histórico. A rapper Juju Rude e o pesquisador Pedro Rajão foram algumas das vozes que destacaram a relevância de se lembrar e valorizar a contribuição das pessoas escravizadas, não apenas no ecossistema, mas na construção da identidade cultural brasileira.
A nova placa representa, assim, um o significativo para sanar o apagamento histórico de figuras que desempenharam papéis cruciais na história do Brasil, em particular na luta por um reconhecimento mais justo e humano.
Placa homenageia 11 escravizados que reflorestaram Floresta da Tijuca
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente